Acórdão nº 00153/09.2BEBRG de Tribunal Central Administrativo Norte, 13 de Julho de 2017

Magistrado ResponsávelAna Patroc
Data da Resolução13 de Julho de 2017
EmissorTribunal Central Administrativo Norte

Acordam, em conferência, os juízes que constituem a Secção de Contencioso Tributário do Tribunal Central Administrativo Norte: I. Relatório J...

, contribuinte n.º 1…, residente no Lugar…, Ponte de Lima, interpôs recurso jurisdicional da sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, em 22/06/2010, que julgou improcedente a Oposição à execução fiscal contra si revertida, e originariamente instaurada contra a sociedade “S…, Lda.”, por dívidas de IRC de 2000, 2001 e 2002, no valor global de €11.893.35.

O Recorrente terminou as suas alegações de recurso formulando as conclusões que se reproduzem de seguida: “1ª- O recorrente assenta a oposição à execução na sua ilegitimidade passiva, no âmbito do artigo 24º da Lei Geral Tributária.

  1. - O oponente alegou factos e fez prova de que não teve culpa quanto à situação de incumprimento a que a sociedade chegou.

  2. - O Tribunal a quo não teve em conta os factos alegados nem a prova produzida pelo oponente não os dando como “provados” ou “não provados”.

  3. - O oponente entende que, o Tribunal a quo deveria ter dado como provados os seguintes factos: I- O relacionamento entre os sócios da S… L.da, foi sempre tumultuoso.

    II- Para obrigar a sociedade era e é necessária a assinatura de dois sócios gerentes. Isto é, para gerir a sociedade impunha-se a presença de dois sócios, sob pena de a sociedade ficar paralisada, sem sequer poder emitir um cheque.

    III- O sócio gerente, José…, em data que não se pode precisar, mas em momento anterior a 1998, ausentou-se para o estrangeiro, o que inviabilizou de todo a gerência da Sociedade (pertencente a este e ao ora oponente). Doc.1 e 2.

    IV- O sócio, J..., para que o impasse criado pela falta de quórum na gerência fosse ultrapassado, convocou diversas assembleias, interpelou os restantes sócios no sentido de resolver os problemas da sociedade, advertindo-os da situação gravosa em que a mesma se encontrava e apontando soluções para a saída dos mesmos. Doc. nº 3 a 9.

    V- A situação de incumprimento a que chegou a “S…, L.da” é da total responsabilidade do sócio gerente José….” 5ª- O oponente entende que os factos por si alegados devem ser considerados provados e em consequência deve concluir-se que o mesmo não teve qualquer responsabilidade ou culpa quanto ao estado de incumprimento a que a empresa chegou.

  4. - A decisão recorrida padece de erro quanto aos factos apurados, por omitir a pronúncia quanto a factos alegados e relevantes para a decisão da causa sem fundamentar tal omissão, conduzindo à errada interpretação e aplicação das normas legais, nomeadamente do artigo 24º da LGT.

    NESTES E NOUTROS TERMOS de direito que V. Ex.as melhor e doutamente suprirão deve ser concedido provimento ao recurso interposto, e, em consequência, revogar-se a decisão recorrida, determinando-se que a execução seja extinta, com fundamento na ilegitimidade passiva do recorrente.” Não houve contra-alegações.

    ****O Ministério Público junto deste Tribunal emitiu parecer no sentido de dever ser negado provimento ao recurso.

    ****Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir.

    ****II - DELIMITAÇÃO DO OBJECTO DO RECURSO – QUESTÕES A APRECIAR Cumpre apreciar e decidir as questões colocadas pelo Recorrente, estando o objecto do recurso delimitado pelas conclusões das respectivas alegações, sendo que importa decidir se a sentença recorrida incorreu em erro de julgamento, por desconsideração de factos invocados, eventualmente relevantes para a decisão da causa.

    1. Fundamentação 1. Matéria de facto Na sentença prolatada em primeira instância, foi proferida decisão da matéria de facto com o seguinte teor: “Pelos documentos juntos aos autos com relevância para o caso, e do depoimento das testemunhas inquiridas, considero provados os seguintes factos: 1. Foi deduzida execução fiscal n° 2321200501001949 e apensos instaurados pela Fazenda Pública, originariamente contra A S…. Lda., por dívidas de IRC de 2000, 2001 e 2002, no valor global de 11 893.35 €; 2. A executada foi levada a registo 20.07.1995, tendo pois sócios o Oponente, José… e F... (fls. 44 a 46 dos autos); 3. Em 27.12.1995, foram nomeados gerentes, José... e F..., facto que consta do averbamento Ap. 14/951227; 4. Em 19.08.1996, a sociedade deliberou que a gerência era atribuída ao Oponente, o qual assumiu poderes absolutos, sendo necessário passar procuração para o efeito (fls. 12 e 13 dos autos); 5. A deliberação foi aprovada, com voto contra do sócio F..., o qual veio a propor uma acção de anulação da deliberação; 6. A sociedade tinha por objecto...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT