Acórdão nº 00329/04 de Tribunal Central Administrativo Norte, 17 de Março de 2005 (caso NULL)

Magistrado ResponsávelValente Torr
Data da Resolução17 de Março de 2005
EmissorTribunal Central Administrativo Norte

Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Tribunal Central Administrativo Norte: 1. “J.., SA”, pessoa colectiva nº , com sede na Zona Industrial de Oliveira de Frades – Souto de Lafões – Oliveira de Frades, veio recorrer da decisão do Mmº Juiz do TAF de Viseu que julgou parcialmente improcedente a impugnação por si deduzida contra a liquidação do IRC, relativo ao exercício do ano de 1993, apresentando, para o efeito, alegações nas quais conclui:

  1. Os encargos de natureza financeira, como diferenças de câmbio, resultantes de empréstimos em moeda estrangeira a que a impugnante recorreu para fazer face à actividade corrente da sua empresa, não podem deixar de ser considerados como “custos” para efeitos fiscais – artigo 23º, nº 1, alínea c) do CIRC.

  2. Ao actualizar o valor dos suprimentos realizados pela sócia, com base nas diferenças de câmbio desfavoráveis verificadas no exercício, a impugnante respeitou o princípio da especialização dos exercício, o qual impõe que as contabilize como custo, ainda que as não pague, efectivamente, até ao termo de exercício.

  3. O montante dessas diferenças de câmbio atribuídas e contabilizadas não pode ser acrescido aos proveitos da sociedade, para efeitos de IRC, só porque não foi entregue à beneficiária no exercício em questão.

  4. O princípio da especialização dos exercícios com assento no artigo 18º do CIRC, impõe que os custos e os proveitos devem ser reconhecidos quando obtidos ou incorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento.

  5. Segundo o artigo 805º, nº 2, alínea a) do Código Civil, o devedor fica constituído em mora, independentemente de interpelação, se a obrigação tiver prazo certo.

  6. Na obrigação pecuniária a indemnização corresponde aos juros a contar do dia da constituição em mora – artigo 806º, nº 1 do Código Civil.

  7. A presunção de danos causados pela mora nas obrigações pecuniárias é “juris et de jure”, não tendo o credor de provar nem a existência de danos, nem o nexo causal entre os danos indemnizáveis e o facto ilícito.

  8. Estando convencionado o pagamento de juros de suprimentos em certa data, a falta do pagamento implicou o vencimento de juros de mora em certa data, a falta de pagamento implicou o vencimento de juros de mora, nos termos legais.

  9. Estes juros não tinham que estar previstos no contrato de suprimento, pois resultam daquele artigo 806º do Código Civil, que tem natureza supletiva.

  10. Por conseguinte, o encargo resultante do seu pagamento tem origem contratual, e como tal é dedutível para efeitos da determinação do lucro tributável, por se encontrar excluído do âmbito da alínea d) do nº 1 do artigo 41º do CIRC.

  11. Ao decidir, como decidiu, a douta sentença recorrida violou as disposições legais acima citadas.

Termos em que, deve ser concedido provimento ao recurso e, consequência, revogada parcialmente a sentença recorrida, a qual deve ser substituída por outra que julgue procedente a impugnação também relativamente às aludidas questões das diferenças de câmbio e dos juros de mora pelo atraso no reembolso de suprimentos como é de lei e de justiça.

  1. O MºPº pronunciou-se no sentido da declaração da incompetência deste Tribunal em razão da hierarquia uma vez que as questões a decidir são exclusivamente de direito (v. fls. 114).

  2. Colhidos os vistos legais cabe agora decidir.

  3. São os seguintes os factos dados como provados em 1ª instância: A) — A impugnante apresentou, em...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT